por Manuela Salazar
Quem virava ontem, 10 de abril, as esquinas da Av. Rui Barbosa com ruas Madre Loyola e Antônio Celso Uchôa Cavalcanti, já podia ouvir a paisagem sonora: o som das crianças brincando, dos passarinhos revoando, de música e animação. Chegando mais perto, a paisagem se tornava mais visual: o imenso Baobá que domina o cenário com sua monumentalidade ancestral proporcionava uma deliciosa sombra para as mais diversas atividades que foram diretamente propostas pela população recifense e para a fruição dessa paisagem que, aos poucos, vai sendo (re)descoberta pela cidade.
A chuva que apareceu em diversas ocasiões não atrapalhou em nada o Domingo no Baobá, ativação proposta pela rede de pesquisadores INCITI/UFPE, responsável pelo projeto Parque Capibaribe, uma parceria com a Prefeitura do Recife, cuja pedra fundamental será neste local (conheça o projeto aqui no blog). De fato, para a surpresa dos participantes: há tantas árvores no local, que mal se sente a chuva.
Além do Baobá, a paisagem contava com a intervenção temporária preparada pelo projeto Parque Capibaribe, com bancos de madeira maciça e cartazes explicando o projeto no local. Em breve, o espaço vai entrar em obras: a ordem de serviço já foi assinada pela prefeitura. Um outro cartaz pedia que o público completasse a frase: “Para mim a Cidade-Parque é…”. Entre as respostas “Diversão com o espaço super natural da cidade”, “Uma raiz que vencerá o cimento”, “Harmonia entre todos os seres”.
O dia começou zen com a prática de Yoga e meditação guiada, promovidas pela Arte de Viver, às 9h da manhã. A chuva que caiu bem na hora serviu para energizar ainda mais os participantes, que após a atividade, dividiram um café da manhã saboroso no local. Para um relaxamento maior ainda, o massoterapeuta Caio Fernandes realizou sessões de shiatsu.
Pela manhã também, o Jardim do Baobá recebeu a visita de grupos de ciclistas e de pessoas que passeavam pela ciclofaixa de Domingo, que aproveitaram para fazer uma pausa no passeio, se aproximarem do rio Capibaribe, conhecerem ou reverem o famoso Baobá, descobrirem mais informações a respeito do projeto pensado para o local, e, claro, para tirarem algumas fotos!
Ainda pela manhã, a contadora de histórias paulistana Gisélia Lima encantou as crianças com a história de que todas as histórias do mundo vêm do Baobá, a árvore sagrada dos contadores de histórias. Continuando no mundo da poesia, a escritora, poeta e atriz Silvana Menezes promoveu sua perfomance “Poesia ao pé do ouvido”, em que declama poemas sussurrados no ouvido do público, com apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
Após uma pausa para o almoço, quando diversas pessoas colocaram toalhas no chão para fazerem piqueniques no local, o público lotou o Jardim do Baobá durante toda a tarde. Continuando a onda zen, houve um círculo de Dança da Paz Universal com Mércia Andrade (Espaço Circular), quando participantes se uniram em roda para celebrar a harmonia e pedir um mundo mais pacífico. Na mesma hora, a Semas também promoveu cotação de histórias com a Turma Mangue e Tal. O estúdio Physalis Terapias marcou presença com a prática ao ar livre do Pilates.
Uma atração que animou a criançada foi o grupo Lindeza, que realiza o “Dia do Brincar”, em espaços públicos do Recife, promovendo brincadeiras de rua, e provando o poder do lúdico e da vivência urbana real. Teve bambolê, amarelinha, corda, elástico e muitos brinquedos, que encantaram não só as crianças de todas as idades, mas abriram cada sorriso nos adultos!
A partir das 16h20, o coletivo recifense Hellcife Soundsystem iniciou mais uma edição do Baodub, encontro musical já realizado algumas vezes no espaço do Jardim do Baobá. O som começou cedo e alegrou muito a criançada, que dançou animadíssima, e foi noite adentro, iluminado pela lua crescente, numa vibe massa que só! Uma surpresa do dia foi a presença do músico recifense Grilowski, que realizou a perfomance interativa La Ursa Psicodélica com sua guitarra na sombra do Baobá.
Durante todo o dia, passaram pelo Jardim do Baobá, uma série de pessoas, grupos e empresas que ofereceram comidinhas e produtos. Teve picolés, drinks e sanduíches com a Bike Tabu do Amor; cerveja com a Bike Budega; comidinhas veganas das foodbikes Um Lugar e Mata Larica Veg; lanches, pães artesanais e geleias d’O Tabuleiro; Mel, doces e chutneys caseiros com Sarah Pitanga; e a venda de roupas indianas por Anna Kurowicka e de camisetas com a Pleura.
Entre os que foram no Domingo no Baobá, uma pergunta era frequente: e quando será o próximo? A ideia do INCITI em promover ativações em espaços públicos como o Jardim do Baobá é justamente essa: despertar o desejo pela vivência da rua, da cidade, da natureza. Para a realização da festa urbana que rolou nesse domingo foi preciso pouco mais do que força de vontade, esforço de divulgação e, principalmente, interesse de pessoas da sociedade em promover o bem estar, a harmonia, e a interação. O melhor do dia de ontem foi ver o nosso sonho de Cidade-Parque transferido para realidade e para a imaginação dos que ali estavam! “Para mim a Cidade-Parque é… um domingo feito esse!”. E para você? Vamos construi-la juntos?