Um sábado de experimentação, apropriação e construção coletiva no Refúgio da Capunga

Por Rafaella Cavalcanti

Gostaria de iniciar o presente relato agradecendo a presença de três jovens artistas: Adeilso Nascimento (grafiteiro), Iorgos Simonin e Pedro Santos (músicos). Todos os três, juntamente com os demais participantes (alunos, moradores e usuários do bairro do Derby) tornaram o dia nublado e chuvoso do dia 10 de setembro de 2016 bastante especial no Refúgio da Capunga.

Bem, imagino que o prezado leitor deve estar se perguntando: O que é o Refúgio da Capunga? E o que aconteceu de tão especial nesse lugar?

Anteriormente à utilização do termo Refúgio da Capunga, o espaço foi denominado de “Quintal da Capunga”. A ideia inicial era transformar o espaço público local numa extensão da casa das pessoas, ou seja, torná-lo um espaço de lazer, de experimentação e de cuidado pelos moradores. Contudo, através de um olhar mais cuidadoso sobre o território, um olhar transdisciplinar dos pesquisadores do INCITI/ UFPE, o espaço foi renomeado de Refúgio da Capunga, devido à qualidade ambiental que o espaço reserva para a cidade e que precisa ser resguardada. Ressalta-se que permanece o sentido adotado inicialmente para a área, pois será através do cuidado proporcionado por todos os usuários que iremos conseguir conservar o pouco da biodiversidade que nos resta.

O Refúgio da Capunga está situado na margem do Rio Capibaribe, entre a Ponte do Derby (Ponte Estácio Coimbra) e a Ponte da Capunga, mais precisamente no final da rua Engenheiro Teófilo de Freitas. Lá podemos encontrar desde famílias de capivaras, a diversos tipos de aves, répteis e anfíbios, entre outros animais que têm as margens, o mangue e o rio como habitat.

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O recanto onde se localiza o Refúgio da Capunga é um dos pontos de intervenção de uma série de “ações de ativação” do espaço público do Parque Capibaribe na região, e que se inicia em maio de 2016 com a “Residência Capunga”. Um dos objetivos dessas ações de ativação é conceber, em conjunto com a população, um grande Parque para o local, pois acreditamos que é através do processo coletivo de concepção e construção do espaço que conseguiremos resgatar o sentimento de pertencimento e apropriação das pessoas com o rio e o espaço público.

Mas, o que de fato vem acontecendo no Refúgio da Capunga durante os sábados? E o que aconteceu de especial nesse último sábado, dia 10?

Mergulhando no processo de ativação no Refúgio da Capunga

A ativação dos sábados tem como objetivo reaproximar as pessoas do espaço público, de maneira que elas possam vivenciar as potencialidades e fragilidades que o ambiente oferece e assim contribuir de maneira mais consciente no processo de concepção do Parque e transformação do lugar.

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Dentre as atividades que ocorreram durante os sábados, encontram-se: trilhas na margem do rio, atividades de sensibilização ambiental (em especial, limpeza do mangue), atividades de lazer (jogos, piquenique etc.)., e apresentação e discussão do projeto do Parque Capibaribe. Dentre os participantes das ativações que estavam presentes destacam-se: os grupos de escoteiros da Marina e de Santa Luzia, estudantes da UFPE e da Uninassau, membros do Coletivo Manguelita, moradoradores, comerciantes e usuários em geral do bairro do Derby. As ativações também contaram e contam com o apoio do escritório de arquitetura Norte.

Sendo mais específica sobre o 10 de setembro, que foi o quinto sábado de ativação no “Refúgio da Capunga”, o dia contou com a participação de artistas locais, de estudantes, moradores, além de usuários do Derby. O intuito da ativação do dia 10 não foi apenas dar sequência a série de atividades que estão acontecendo lá na região – e que visam aproximar as pessoas com aquele lugar – mas também deixar uma mensagem de que algo de fato está acontecendo ali. Para isto, foi realizada uma oficina de grafitagem, que teve como objeto de intervenção um grande muro existente no local. Posso dizer que foi um momento em que os participantes puderam conhecer e discutir mais o projeto do Parque, conhecer o Refúgio da Capunga e intervir no espaço.

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Dentre os resultados obtidos com essa oficina, destaco o desenho de um grande lagarto proposto pelo artista Adeilso Nascimento, que contou com a colaboração dos participantes da oficina para sua concretização como grafitagem. O objetivo dessa intervenção artística era ressaltar a importância da riqueza natural existente no lugar. Os participantes da oficina também estamparam livremente no muro os seus sentimentos em relação ao Refúgio da Capunga e sobre o futuro Parque. Como um dos diversos resultados “inesperado e especial” destaco uma “pokébola” desenhada por um estudante universitário e que continha a seguinte frase: “capturamos esse lugar”!

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Para finalizar, gostaria de convidar o leitor, em especial o que utiliza das mais diversas formas o bairro do Derby, para participar das ativações que estão acontecendo no Refúgio da Capunga e assim conhecer mais de perto o projeto do Parque Capibaribe.