Por Werther Ferraz
Na última terça-feira, 6 de setembro, aconteceu a primeira vivência coletiva da investigação experimental realizada pelo INCITI/UFPE: A Ciclorrota Sensitiva do Cavouco. A atividade é o primeiro passo da experiência de sensibilização e ativação de uma das infiltrações do Parque Capibaribe, envolvendo o afluente Riacho do Cavouco, cuja nascente está localizada no Campus da UFPE. O ponto chave da investigação é a existência de uma “passagem secreta” urbana, uma travessia de barco entre os bairros da Iputinga e Casa Forte, que já existe há mais de cem anos (!) no mesmo lugar, mas que é quase invisível para a maioria das pessoas que circulam no entorno, sobretudo na margem esquerda, próximo aos bairros de Casa Forte, Poço da Panela e Monteiro.
Mesmo sendo uma passagem “quase invisível”, o fluxo de pessoas que atravessam o rio todos os dias naquele ponto, pagando um real por travessia, garantem a sobrevivência do serviço dos barqueiros, que se revezam entre familiares (pai, irmão e sobrinho) há pelo menos tres gerações. Ao investigar as possibilidades de (re)conexão da cidade com o Capibaribe, emergiu a ideia de que essa conexão “invisível” tem potencial para realizar uma “sinapse urbana”, uma solução de mobilidade criativa conectando o Campus da UFPE com alguns bairros da Zona Norte.
A Praça de Casa Forte foi adotada, então, como ponto de referência, pois está a apenas 5km de distância do Campus da UFPE, se tomarmos um caminho passando por essa travessia de barco. Vale observar que o caminho usado pela maioria das pessoas tem cerca de 8km, enquanto esse outro equivale ao perímetro do próprio Campus da UFPE (dar uma volta ao redor de todo o Campus).
No entanto, como este é um caminho “transversal”, que está fora do mapa mental da maioria das pessoas, dificilmente seria usada como rota cotidiana pelos usuários de bicicleta desta região da cidade. A ideia da investigação é envolver usuários de bicicleta, sobretudo os que vão ao Campus da UFPE, para experimentar esta rota e buscar conhecer sua percepção sobre o espaço urbano antes, durante e depois de realizar o percurso.
Essa investigação experimental busca entender como funciona a percepção socioespacial e as barreiras cognitivas que se formam no mapa mental das pessoas sobre os bairros e vias ao longo deste percurso. Entende-se que são as mesmas barreiras que atribuem certa invisibilidade aos bairros e localidades nesta região da margem direita do Capibaribe.
Quem conhece o caminho para a UFPE que passa por Monsenhor Fabrício, Engenho do Meio e Bom Pastor? E quem passa a conhecer, continuará usando este caminho? O que impede ou motiva as pessoas para adotar este caminho, e integrar o Campus da UFPE como um dos espaços que compõem o Parque Capibaribe? A utilização de novas tecnologias para mapeamento e orientação urbana com dipositivos móveis é capaz de influenciar /incrementar rotas “tranversais” como essa? E se convidarmos as pessoas pra mapear e ilustrar essa rota, isso pode fazer as pessoas aderirem ao caminho?
A atividade do dia 6 de setembro foi a primeira vivência coletiva entre colaboradores do INCITI, quando foram coletadas diferentes impressões sobre a rota e sugestões para elaborar os instrumentos a serem usados na investigação experimental, a ser desenvolvida nas próximas semanas.
A experiência envolve soluções de mobilidade criativa, sensibilização ambiental e instrumentos para integração sócio espacial.
Assista ao vídeo da experiência: