Espaço Público e Mobilização Social foram abordados no segundo dia do UTC Recife

Por Flávia Banastor

O auditório da Livraria Cultura foi um dos pontos de retomada das atividades do Urban Thinkers Campus Recife, nesta quinta-feira (26). A partir da proposição “Espaço Público e Mobilização Social” vários subtemas foram surgindo para complementar a discussão: experiências de autoformação, ocupações de espaços públicos e permacultura. Os elementos foram trazidos pelos convidados Ivana Bentes (DF), Mestre Chico (RS) e Clairton da Silva (BA), para facilitar este momento de troca que são as exposições nas Urban Thinkers Sessions.

A secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Ivana Bentes, iniciou sua fala fundamentando a pertinência do programa Cultura Viva, que através dos Pontos de Cultura desenvolveu uma iniciativa de política pública de formação de cidades que contribuem com a experiência cultural dos sujeitos. “A cultura não pode ser mais pensada como um setor, ou fragmentada, mas como um bem comum”, disse. A gestora complementou explicando as novas ramificações deste programa com ações como os Pontos de Rua, que seriam uma forma de diminuir a hostilidade entre a cultura de rua e os agentes da segurança pública.

Mestre Chico: "Oportunidades não são dadas à população por causa dos empecilhos, que são invisíveis e todos dentro das leis". Foto: Juana Carvalho

Mestre Chico: “Oportunidades não são dadas à população por causa dos empecilhos, que são invisíveis e todos dentro das leis”. Foto: Juana Carvalho

Mestre Chico, do Rio Grande do Sul, contou sua experiência de vida quilombola e de trabalho educativo em ocupações, a exemplo do Contra Ponto, grupo do qual fez parte e que fomentava várias atividades culturais durante a ocupação de um edifício no centro de Porto Alegre. Ele disse que observou a grande quantidade de prédios desocupados no Bairro do Recife e ficou imaginando quantas boas ações culturais poderiam ser realizadas nestes espaços ociosos. “Só é preciso a formação de uma força política comunitária”, projetou.

Clairton da Silva, que se autodenomina Clairton Ninguém, relatou sua vivência com a permacultura e o seu trabalho de construção de casas populares pelo país. Ele propôs uma reflexão sobre o outro e sobre nós mesmos em sua fala, tendo como necessidade principal a revisão da postura de estar sempre colocando a culpa no outro (Estado, Política, Economia) “quando precisamos tanto um do outro para construir a história”, e completou, “Pois todos somos células das instituições que formam o Estado”.

Após o debate, os participantes foram convidados para retornar ao auditório, no período da tarde, para participar do grupo de trabalho que irá sistematizar propostas para a nova agenda urbana, a partir do tema Espaço Público e Mobilização Social.