Debate sobre cultura e cidade acontece no UTC Recife

Por Paulo Ricardo Mendes da Silva

O Urban Thinkers Campus Recife vai até o dia 27 de novembro, com programação que envolve a realização de painéis, relatos de experiência e atrações musicais

Inovação cidadã é sobrevivência. Esse foi um dos pontos chave da mesa Cultura e Cidade, da Urban Thinkers Session que aconteceu na manhã desta quarta (25), na sede do INCITI/UFPE, na rua do Bom Jesus. A discussão a respeito das cidades que queremos esquentou a roda de diálogos e colocou em xeque questões ligadas ao planejamento urbano. O UTC, como uma pré-Conferência da ONU em busca de uma discussão mais plural da cidade, trouxe para o debate o ativista dos Movimentos sociais na comunidade Nação Xambá, em Olinda, Guitinho da Xambá, a diretora de empreendedorismo, Gestão de Inovação da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (SPC/MinC), Geórgia Nicolau, e a integrante do Coletivo Espalha a Semente e doutoranda em Antropologia, Thais Brito. A mediação da mesa ficou por conta do professor Geber Ramalho.

Geórgia começou o debate abordando o papel da cultura na ativação dos espaços públicos, através da participação comunitária. Durante o discurso, ela citou alguns coletivos, periferias e centros que discutem melhorias na cidade de São Paulo. “Você hoje tem um espaço de discussão que antes não existia e eles são na sua maioria de natureza cultural”, destacou. “Através desses coletivos é possível desenvolver uma consciência coletiva, pois eles enxergam na cultura a sua forma de representação e resistência”, completou. Outra problemática apontada pela diretora do MinC remete à exclusão de uma camada mais pobre da sociedade. “Quem detém o poder econômico são as empresas e elas visam apenas o interesse privado. É necessário que as pessoas questionem e busquem uma integridade e diversidade cultural”, concluiu.

Guitinho ressaltou o respeito da comunidae da Xambá pelo coletivismo. Foto: Humberto Reis.

Guitinho ressaltou o respeito da comunidae da Xambá pelo coletivismo. Foto: Humberto Reis.

Através do questionamento “em que tipo de cidade você quer viver?”, Thais Brito trouxe para o painel as inquietudes cosmológicas antigas e as inquietações contemporâneas, com o discurso politicamente inspirado na comunidade indígena. Para ela, é preciso sair das fronteiras da cidade e pensar no futuro: “Vivemos em um mesmo lugar e os efeitos são para todos”, destacou. “Temos dentro do governo uma política de aceleração de crescimento mas poucas políticas, como o Ministério da Cultura, tentando desacelerar um pouco, mas com políticas compensatórias”, completou.

“As políticas públicas vêm sem pensar nas consequências”, disse Guidinho da Xambá, ativista do Terreiro da Xambá. No seu discurso, afirmou que as políticas públicas movimentam a cidade sem procurar saber se as pessoas querem esse formato de cidade: “A cultura popular tem uma capacidade gigante de apontar soluções pra o caos instaurado, ela não planta uma árvore sem saber o que vem pela frente”. Para o ativista, só é possível ter cidades sustentáveis a partir do momento em que o indivíduo não precisar “nascer para sobreviver, mas para viver”.

Além da mesa Cultura e Cidade, no mesmo horário, aconteceram dois painéis: Cidades Inteligentes e Ativismo Tecnosocial e Protagonismo da Periferia na Transformação Urbana.