A Cidade Que Precisamos é: Economicamente vibrante e inclusiva

Até a semana da Habitat III, conferência da ONU sobre moradia e desenvolvimento urbano sustentável, o blog do INCITI apresentará os diagnósticos e recomendações dos nove fundamentos criados a partir dos debates e discussões realizadas durante o evento para a Nova Agenda Urbana.
Confira abaixo as orientações do quarto eixo proposto para a cidade que precisamos (The City We Need):

Economicamente vibrante e inclusiva

Diagnósticos:

Vivemos em um contexto de desigualdade em diferentes níveis, seja social, racial, econômica e de classe. As cidades encontram-se segregadas espacialmente e seus mecanismos de gestão são burocráticos e excludentes. A interlocução dos gestores públicos com grandes investidores é excessivamente privilegiada, em detrimento aos pequenos investidores e empresários. Deste modo, o sistema econômico atropela ou ignora o mercado informal, com ferramentas de mensuração da atividade econômica frágeis ou por vezes falsas.

As relações de confiança, que são um dos elementos essenciais para criar um ambiente econômico favorável, também são uma base importante para que o planejamento urbano de longo prazo seja sustentável e consistente.

Os moradores das periferias e dos assentamentos informais, apesar do ambiente adverso e inseguro onde vivem, são portadores de grande vitalidade e força econômica, capazes de responder de forma rápida e criativa aos estímulos e oportunidades econômicas que lhes são ofertados. As periferias urbanas e a cidade informal representam um ativo econômico muito importante no contexto das nossas cidades, apesar de serem subestimados pelo Estado e por alguns setores econômicos, além de serem explorados por outros setores.

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Recomendações:

Aprimorar o uso de tecnologias da informação e comunicação para serem aplicadas na desburocratização e transparência do Estado, bem como na redução de obstáculos para a população acessar oportunidades e realizar seu potencial econômico.

Fomentar investimentos em modelos complementares de créditos, bancos e moedas sociais, para reduzir a dependência dos sistemas financeiros dominantes que excluem e /ou exploram a população mais vulnerável.

Desenvolver políticas de fomento à criação de cooperativas, fortalecendo ainda feiras de troca, economia de escambo e economia solidária. Valorização e fortalecimento de arranjos das cadeias produtivas locais e alimentícias, sobretudo em termos de distribuição.

Distribuir os investimentos públicos em infraestrutura de forma mais equilibrada e equitativa no território urbano e desfazer a excessiva concentração de recursos nos bairros que já detém a maior parte dos investimentos públicos e privados.

*Texto publicado originalmente na página do UTC Recife, evento coordenado pelo INCITI que ocorreu em novembro de 2015 e reuniu diversos pensadores urbanos engajados em transformar cidades.

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