Cineclube INCITI – “O Cinema de Prédios: uma heterotopia?”
Curadoria: Louise Bernard
Debate: Louise Bernard, Amanda Beça, Gabriela Alcântara e Luiz Joaquim
Quando: Quinta, 25 de agosto de 2016 às 19h
Onde: Rua do Bom Jesus, 191, Bairro do Recife (INCITI)
Quanto: Acesso Livre
_______________________________
Há mais de dez anos, os prédios altos não somente invadiram as ruas e os bairros do Recife, como também o cinema produzido na cidade. Tanto inspiradores como perturbadores, os gigantes do Recife parecem exercer um poder de fascinação paradoxal. A fotogenia deles contradiz com a feiura das suas consequências humanas e urbanísticas, porque é também a imagem mais eficaz para traduzir as perturbações contemporâneas do Recife.
Sobrepujados pela falta de consideração às suas reivindicações citadinas, os cineastas recuperam um domínio sobre esse desenvolvimento urbanístico incontrolável, ao transformar as superfícies dessa arquitetura na superfície da tela cinematográfica.
A profusão de filmes representando a cidade, os prédios e as condições urbanísticas do Recife merecem reflexionar sobre a pertinência e as razões desse torno cinematográfico pela cidade, como da potencial existência do subgênero recifense do “filme de prédios”.
Essa sessão focou nas diferentes maneiras de traduzir o poder da arquitetura e do olhar cinematográfico, de maneira tão documental, estética, humorística, histórica e também plástica. A diversidade dos curtas apresentados aqui tornam a cidade numa heterotopia* (Michel Foucault) subjetiva, aonde o olhar da câmera pode explicar e reinventar a cidade, sempre favorecendo a reflexão sobre o impacto das transformações urbanísticas do Recife no olhar do espectador.
*Uma heterotopia designa um lugar real, localizável, mas totalmente diferente de todos os posicionamentos que ele reflete o de qual ele fala. Em “Outros espaços” (conferência no Círculo de Estudos Arquitetõnicos,∙14 de Março de 1967), Architecture, mouvement. continuité. N°25. Outubro de. 1984. ps.4649.
PROGRAMAÇÃO:
– Retinianas / Luiz Henrique Leal / 2010 (7’)
– Recife MD / Gabriela Alcântara e Marcelo Pedroso / 2011 (4’)
– Menino Aranha / Mariana Lacerda / 2008 (13’)
– Zip / Felipe Araújo, Marlon David e Túlio Bonagura / 2010 (5’)
– Eiffel / Luiz Joaquim / 2010 (3’)
– Velho Recife Novo / Luiz Henrique Leal, Cristiano Borba, Caio Zatte, Lívia Nóbrega / 2012 (16’)
– O Olho e o Espírito / Amanda Beça / 2016 (10’)
– Solidão Publica / Daniel Aragão / 2008 (16’)
Total: 74min
Curadoria: Louise Bernard
Mestranda em Estudos Cinematográficos na Universidade Paris 7 Diderot. Formada em Historia de Arte e Historia do Cinema, e pesquisadora da estética cinematográfica. Participa da bolsa “REFEB 2016”, da embaixada francesa no Brasil, que apoia os trabalhos de pesquisadores europeus no Brasil.
Integrante do l’Etna, um laboratório de criação de cinema analógico (16mm e Super 8) em Paris, aonde produz filmes. Atualmente, está preparando uma adaptação de um romance realista fantástico do argentino Adolfo Bioy Casares, chamado A invenção de Morel.
Lou gostaria de filmar o Recife em 16mm, como uma ilha abandonada.
CONVIDADOS:
Amanda Beça
Graduada em Cinema na Universidade Federal de Pernambuco, com intercâmbio na Filmuniversität Babelsberg Konrad-Wolf, Alemanha, onde estudou Montagem. Além de focar seu trabalho em pós-produção, integra a direção artística e curadoria do MOV – Festival Internacional de Cinema Universitário. Também estuda e produz filmes em película revelados caseiramente.
Gabriela Alcântara
Mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, com a dissertação “Arquitetura do Medo – Cinema, Espaços Urbanos e Tensões Sociais”. É também especialista em Antropologia Visual pela PUC-SP e estuda Especialização em Estudos Cinematográficos pela Unicap. Atualmente exerce as funções de assistente de direção, produtora e assistente de produção em documentários e obras de ficção. Dedica-se ao estudo das representações da Arquitetura do Medo no cinema contemporâneo, especialmente em filmes com características dos gêneros horror e suspense, e também à representação da mulher no cinema de horror.
Luiz Joaquim
Programador do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco e Cinema do Museu (Recife), jornalista, mestre em comunicação e atuou como crítico de cinema para a Folha de Pernambuco de 2004 a 2016, além de editar o site www.cinemaescrito.com desde 2007, e lecionar na pós-graduação da Universidade Católica de Pernambuco. Realizou, ainda, os curtas-metragens “Eiffel” (2008) e a animação “O Homem Dela” (2010).