Participantes do WIPU fazem balanço da experiência na Capunga

Fotos: Olivia Leite

As duas semanas de trabalho do Workshop Internacional de Prototipagem Urbana (WIPU), que aconteceram entre os dias 10 e 21 de outubro, congregaram forças de trabalho de diferentes origens para dar uma nova face a uma região praticamente esquecida das margens do Rio Capibaribe. A ação foi a culminância de um processo que se desencadeou desde o primeiro semestre de 2016, com o início do projeto Ativação Capunga, ramificação do Parque Capibaribe, cujo objetivo é reativar e agregar a população para esse trecho da cidade.

Facilitadores do exterior e de outros estados do Brasil, em conjunto com pesquisadores do INCITI e da UNINASSAU, partilharam seus conhecimentos com participantes de diferentes origens e interesses. O resultado disso foi uma nova face para o local. O lixo que havia nas margens foi retirado, o entulho reutilizado e equipamentos para uso e interação de público e comerciantes locais foram desenvolvidos. Pra celebrar essa transformação, o público foi convidado para ocupar a beira do rio nos dias 21 e 22 de outubro.

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Trazer a cidade de volta para as pessoas foi uma das motivações de Mario Cesar Rodrigues, arquiteto: “Esse tipo de intervenção é a melhor maneira de conseguir isso rápido, um primeiro passo para juntar a comunidade ao local que a gente está trabalhando”, afirmou. A mestranda em Design, Mariana Valcaccio, classificou como ‘incrível’ a experiência no WIPU: “Durante toda minha graduação e mestrado você não tem essa responsabilidade de fazer algo diretamente para a cidade, essa proposta de reunir muita gente nesse objetivo é muito interessante”.

A professora da UNINASSAU, Carolina Brasileiro, relatou que sempre esteve envolvida nas ações do Parque Capibaribe: “Na sala de aula eu trago esse plano que está sendo feito para a cidade e tento introduzir essas temáticas”. Segundo a professora, o WIPU se alinha às ideias que ela traz para seus alunos: “É uma oportunidade excelente para colocar na prática esses conceitos e esse processo ajudou a descortinar essa área”, concluiu.

Ursula Troncoso, facilitadora do Instituto A Cidade Precisa de Você, de São Paulo, é arquiteta e esteve envolvida no desenvolvimento do Refúgio da Capunga, uma praça voltada para as crianças. Segundo Ursula, a energia do lugar mudou e ela conseguiu perceber a aproximação dos moradores da área: “A gente conseguiu mudar bastante esse espaço, que era abandonado. A gente juntou uma galera bem legal, vários estudantes que vieram, pintaram, construíram”.

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Para mais fotos: http://bit.ly/2dGnUjJ

O advogado Jairo Nunes é comerciante e vai ao local duas vezes por semana para vender sandálias. Para ele, o processo precisa passar por três fases: “A primeira tem a ver com intervenções da comunidade com ideias. A segunda tem a ver com a parte simbólica, a partir das interações sociais de cotidiano usabilidade do espaço. A terceira tem a ver com a durabilidade econômica e desenvolvimento de uma cadeia produtiva local”, relatou.

O “Espetinho do Cabeça” está aberto há 14 anos, comandado por dona Mária do Rosário, que é cautelosa com o processo de reestruturação da margem da Capunga: “Aqui a gente já tem clientela, não dá pra eu ir pra lá agora (para a beira do rio). Não organizei de ter trailer para não ficar fixa, minha estrutura são mesinhas. Mas apesar disso vou continuar aqui por enquanto, se eu for pra lá meus clientes não vão me encontrar aqui, entende? Fico com medo de ir e perder a vaga aqui também”. Apesar da desconfiança inicial, Dona Maria do Rosário foi participar da celebração na Capunga, apostando na movimentação no local.