Cadê o espaço público que estava aqui? O mouse comeu!

Por Luiz Carvalho

O Bairro do Recife, ou Recife Antigo, como o marketing de turismo batizou, é quase sempre citado como um caso de sucesso, como um processo de revitalização urbana eficiente. Questione qualquer usuário do bairro sobre as décadas de 60, 70 e até início dos 80 e ficará claro que vida urbana não faltava ao local, talvez faltasse a imagem de local familiar, de lugar para frequentar sem maiores restrições, mas vida urbana, não.

Iniciado nos anos 90, o processo de revitalização do Bairro foi seguido pela implantação do Porto Digital, polo captador de empresas de tecnologia da informação através de incentivos fiscais.

Ao longo dos anos o Porto Digital atraiu um elevado número de empresas, no entanto a transformação, revitalização, ou seja, vida nova, continua bastante restrita aos espaços internos dos escritórios, limitada ao horário de trabalho.

Qual o limite desse modelo de transformação do espaço? Porque os modelos inovadores de criação de produtos e negócios não se traduzem na apropriação dos espaços do Bairro? Qual a barreira para atração de novos moradores para o Bairro?

O que se vê e enfrenta ao caminhar pelo Bairro do Recife nos últimos anos é a total desarticulação entre a dinâmica interna dos escritórios e edifícios com as ruas. O espaço público vem sendo subtraído, tomado por estacionamentos, obstruções nas calçadas por conta das reformas perpétuas nos edifícios.

O desafio que se apresenta para o futuro do Bairro do Recife é como conectar a dinâmica atual (restrita às nuvens e aos escritórios) ao espaço público real, e que não seja apenas para caçar pokemons.