A Paisagem dentro mim: a proteção do Rio Capibaribe e visão futura de Recife como uma cidade Parque

O que as motiva as pessoas a cuidarem do espaço público e do meio ambiente? Buscando respostas para esta pergunta, o INCITI – Pesquisa e Inovação para as Cidades, rede de pesquisadores ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), realizou a investigação A paisagem dentro de mim – apego e valores sobre o Capibaribe, no intuito de traçar perfis de relacionamento entre os moradores e o principal rio do Recife, o Capibaribe. A ideia era conhecer mais sobre como a população percebe o rio e se relaciona com o mesmo.

A iniciativa faz parte do projeto Parque Capibaribe, realizado através de parceria com a Prefeitura do Recife. A coleta de dados foi feita online em setembro de 2016, durante 11 dias, com a participação de mais de 250 pessoas. Os resultados indicam que os habitantes da cidade, de maneira geral, têm interesse em participar ativamente no cuidado com o meio ambiente e que aqueles que se preocupam com as consequências futuras das nossas ações, hoje, têm um interesse ainda maior em cuidar do rio.

Foram investigados cinco elementos: valores ribeirinhos; consequências futuras; apego ao rio; conexão com a natureza e atitudes pró-ambientais. Abaixo, detalhamos os resultados encontrados:

Valores Ribeirinhos
Os resultados possibilitam a interpretação de que os moradores do Recife prezam pela preservação da natureza, mas também lhes interessa a adaptação dos recursos naturais para a melhoria da qualidade de vida, como o uso do rio para o transporte fluvial, por exemplo.

Foi possível notar também que as mulheres têm uma preocupação maior com a natureza, e que estes valores mudam de acordo com a escolaridade. Aqueles que estão no ensino médio e os pós-graduados têm uma preocupação maior com o bem-estar do homem, enquanto os que possuem nível superior delegam maior importância aos cuidados com a natureza.

Consequências Futuras
A interpretação destes dados leva ao entendimento de que as pessoas que se preocupam com o impacto das nossas ações no futuro se dispõem a fazer sacrifícios no presente, buscando resultados de longo prazo, enquanto os imediatistas ignoram alertas sobre as consequências futuras de certas interferências no meio ambiente e estão mais preocupados com o seu bem estar cotidiano do que com a disponibilidade de recursos naturais para as gerações futuras.

Apego ao Rio
Esperava-se que o apego ao rio se dividisse em três facetas: dependência – ligada a oferta de serviços e trabalho próximo ao rio -, identidade e símbolo social, estas últimas duas referentes a questões como patrimônio, fauna, flora e orgulho do rio. A hipótese foi refutada. Este resultado indica a necessidade de revisão do questionário, o que pode incluir uma revisão da hipótese em si.

Atitudes Pró-Ambientais e Conexão com a Natureza
Era esperado que as atitudes pró-ambientais, como andar mais a pé e de bicicleta, para evitar a emissão de gás carbônico e o engajamento em movimentos pela preservação do rio, fossem mais presentes em pessoas que pensassem nas consequências futuras das nossas atitudes, que tivessem maior respeito e admiração pelo rio e pela natureza, e que valorizassem a conexão com o meio ambiente, como um todo. Os resultados encontrados estão de acordo com a hipótese.

Houve um elemento particularmente interessante nos achados, indicando que as pessoas estão dispostas a contribuir ativamente para a preservação do meio ambiente, seja para a preservação e manutenção da fauna e da flora, seja pelo bem estar dos homens. No entanto, a tendência de cuidar do Rio Capibaribe se mostra mais presente entre os moradores que se preocupam com a consequência das nossas no futuro. Esse foco no futuro é mais importante do que os valores ecológicos em si.