6 pontos-chave para mobilização e fortalecimento de comunidades

Por Rodrigo Édipo e Pedro Leal

*Texto publicado originalmente pela love.fútbol

A grande maioria de nós quer viver em um lugar onde o sentimento de união e a coletividade são fortes e os espaços públicos saudáveis e agregadores. Relações, comunidades, bairros, cidades são organismos vivos, que dependem – entre outras coisas – das nossas ações.

Após um bate-papo entre love.fútbol, INCITI/UFPE, Instituto Alberto de Moura e mais de 30 participantes na segunda edição do love.fútbol Talks, o coordenador de projetos da love.fútbol Pedro Leal e o coordenador de comunicação do INCITI Rodrigo Édipo produziram este conteúdo com base no que rolou na conversa entre pessoas e organizações que querem contribuir com o fortalecimentos das suas comunidades, ativando os espaços. Confere.

1. Dialogar com empatia

“A solução quem traz é a comunidade” (Natan Nigro – INCITI/UFPE)

Estar disposto a entender a perspectiva do outro e assim praticar a empatia é fundamental para estabelecermos um processo de transformação coletiva. Lançar um olhar cuidadoso às relações que se estabelecem entre as pessoas e os respectivos territórios é necessário para que possamos buscar soluções que estejam – de fato – conectadas com as necessidades locais. Empreender um diálogo respeitoso com todas as partes envolvidas é contribuir para o florescimento do sentimento de pertencimento e a consequente apropriação dos espaços pelas comunidades.

2. Ação em rede e auto-organização

A capacidade de auto-organização a partir do fortalecimento de ações coletivas em rede é um importante alicerce no processo de autonomia política das comunidades. Este tipo de articulação horizontal e independente possibilita uma rica troca de experiências, na qual diversos tipos de conhecimentos se retroalimentam e a força de trabalho é dividida entre as partes a partir de cada especialidade. Sem liderança centralizada e com o desafio da autogestão, o movimento em rede possibilita que as comunidades se deparem com um importante processo de reflexão democrática.

3. Viver a comunidade

“Eu nasci e me criei na minha comunidade, mas só percebi que não conhecia ela de verdade há 9 anos, quando eu decidi começar o projeto.” Elias Marques (Pereirinha FC)

Viver a comunidade onde se pretende atuar é mais do que morar nela. Para contribuir com o crescimento e fortalecimento do lugar é essencial entender sua história, suas relações, complexidades e seus processos. Para que os vários grupos e atores, muitas vezes com interesses e de natureza diversos possam compartilhar espaços comuns de convivência, é importante incentivá-los a se comunicarem. Mediar conflitos e exaltar as diferenças na criação de uma identidade plural na comunidade podem ser um bom caminho para atingir esse objetivo.

4. Acolher erros e persistir

“Quando estamos nas cinzas, ressurgimos como Fênix” (Eliane Sebastião – Instituto Alberto de Moura).

A forma positiva de lidar com eventuais fracassos é vital para que continuemos a caminhada. Incluir a possibilidade do erro em nossa metodologia torna o processo muito mais enriquecedor, pois nos coloca em contato direto com o aprendizado, aperfeiçoando ainda mais as nossas práticas. Estar aberto a viver esta experiência é aceitar caminhar por rotas não lineares, avaliar o trajeto a qualquer instante e, muitas vezes, desapegar de princípios outrora sólidos. A pior coisa que pode nos acontecer é que nada nos aconteça.

5. Autoconhecimento e ressignificação

“Quando construímos a sede do Instituto na Várzea Fria, não envolvemos a comunidade no processo. Com o tempo e as experiências percebemos que a comunidade não percebia o espaço como seu. É importante estarmos sempre revendo nossas ações. Aprender com os erros do passado nos ajuda a criar novas estratégias de atuação.” Valéria Moura (Instituto Alberto de Moura)

Conviver em comunidade é estar em um processo constante de relacionar-se. Para que se possa incentivar o fortalecimento dos vínculos coletivos e o compartilhamento de espaços pela comunidade, é importante revisitar e aprender com as experiências, e buscar novas formas de atuação, quando necessário. Tão importante quanto conhecer a comunidade onde se atua, é estar sempre atento à sua própria essência e seus objetivos.

6. Amor

É o elemento que une todos os tópicos anteriores. Para viver, compartilhar, criar redes, dialogar, autoconhecer-se e aceitar é preciso agir com amor. O fortalecimento de uma comunidade, que convive em equilíbrio e se transforma só é possível quando se sobressai esse sentimento. Espaços se mantém compartilhados, ativos e ocupados quando não há imposições de grupos ou indivíduos sobre outros e amor é antônimo de imposição.