Urban Thinkers Campus 2017

Recife | 29 nov a 02 dez

A virtualização do espaço e o engajamento social

Por Guilherme Menezes

Os impactos das mudanças climáticas foram apresentados no REC’N’PLAY Festival por meio de uma simulação em óculos de realidade virtual, que consiste em um vídeo de 40 segundos no qual a Rua Domingos José Martins, situada no Bairro do Recife, aos poucos vai sendo alagada, à medida em que se dá o aquecimento global, até que o indivíduo se encontra submerso debaixo d’água, convivendo com outros seres, inclusive tubarões que ficam bem pŕoximos do participante nesta experiência.

O simulacro, criado para a trilha de Cidades Inteligentes e Sustentáveis do festival, foi apresentado pelo arquiteto e ativista virtual, André Figueiredo (Fox), na tarde desta sexta-feira (1º), na mesma rua utilizada para a intervenção digital. O produto também estimula os sentidos da visão e da audição, uma vez que o participante também recebe um fone que projeta o áudio do vídeo.

Foto: Migli

Fox disse que o objetivo de sua dinâmica, além de passar a mensagem sobre o cuidado com o aquecimento global e o aumento do volume das águas na cidades, era de discutir sobre a democratização da tecnologia, principalmente no aspecto de engajamento da população. “Tem se popularizado muito. Porém, eu alerto todo mundo sobre o vislumbre dessa tecnologia. É importante ter um conteúdo responsável para que não fique algo gratuito, só diversão. Esse vídeo mesmo tem uma pegada de brincadeira. Talvez com um certo exagero, mas também é educativo. E essa tecnologia, por imergir o participante, lida não só com o aspecto racional, mas com o cinestésico, com os sentidos de um jeito que facilita o envolvimento do indivíduo com a mensagem”, disse Fox.

A ideia de propor uma atividade na rua possibilitou também a democratização da vivência. Muitos dos que experimentaram os óculos de realidade virtual não estavam participando do debate, mas ficaram igualmente interessados em entender o que se passava dentro daquele universo, como vendedores de rua e carroceiros.

Um dos equipamentos apresentados no debate antes da atividade aberta ao público foi o cardboard, que consiste numa plataforma de realidade virtual (VR) para usar com uma montagem de cabeça para um smartphone. Até com seu visualizador feito de papelão dobrável, a plataforma é concebida como um sistema de baixo custo para fomentar o interesse e o desenvolvimento de aplicações de realidade virtual. Segundo Fox, as lentes propícias que são compradas à parte do equipamento, podem ser obtidas entre trinta e quarenta reais, o que mostra que essa tecnologia pode ser amplamente difundida.

Fox comentou que o grande poder dessa ferramenta é a capacidade não só de transmitir a informação, mas também o espaço, uma simulação em que o receptor se aproxima da informação que está sendo transmitida. Ele diz que o interesse principal é a democratização do ambiente, que é feita pela reprodução, virtualização e facilitação de acesso a esse espaço tanto pelas mídias digitais quantos nas ruas. E que dessa forma a população tem mais conhecimento para tomar decisões. “Foi, por exemplo, o que aconteceu com o projeto Novo Recife. Foi virtualizado, em 2015, como ficaria o Novo Recife implementado e utilizamos a realidade virtual imersiva para que as pessoas vissem que ficaria mais parecido com o bairro de Boa Viagem do que qualquer outra coisa. Sem fazer julgamento de ser bom ou ruim. A pergunta implícita era: vocês querem Boa Viagem aqui no Cais? As pessoas que decidem, porque elas possuem o conhecimento ”, pontuou.

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