Por Suzana Souza
A coleta e distribuição dos recursos aquíferos deve ser realizada em diferentes instâncias? Quais modelos e escalas de coleta e distribuição emergem como soluções aplicáveis? Como a participação das pessoas pode contribuir para um sistema de coleta e distribuição mais eficaz e descentralizado? A partir do tema O Ciclo urbano da água e os serviços públicos essenciais, professores, membros da sociedade civil, representantes de instituições governamentais e estudantes tentaram responder a esses questionamentos, na manhã desta quinta-feira (30), em mais uma sessão de debate promovido pelo INCITI/UFPE, no Campus de Pensadores Urbanos.
Daniel Genuíno, engenheiro civil, especialista em saneamento ambiental e funcionário da Compesa, falou dados interessantes sobre o tratamento sanitário da cidade do Recife: cerca de ⅔ da população da cidade mora nos morros, onde estão localizadas mais de seis mil barreiras com risco de deslizamento.
Tullio Ponzi, secretário executivo de Inovação Urbana, trouxe para o debate a experiência do projeto Mais Vida nos Morros, promovido pela Prefeitura do Recife. Segundo Ponzi, o projeto já atingiu cerca de 10.000 pessoas com um pouco mais de um ano de execução. “O objetivo do projeto é inserir os moradores na discussão sobre os cuidados necessários para evitar deslizamentos e propiciar um local mais agradável para vivenciar a própria comunidade”, afirmou Ponzi. Entre os locais que tiveram a intervenção do projeto estão as comunidades do Morro da conceição, do Alto Santa Isabel e do Alto José do Pinho.
Edvânia Torres, professora Dr. da UFPE, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, também palestrou e destacou a necessidade do planejamento integrado e transdisciplinar para qualquer tipo de projeto relacionado às soluções sustentáveis. A professora propôs a reflexão sobre o consumo excessivo de materiais, onde a tese gira em torno da máxima de que “a matéria só muda de formato. Não há um ‘jogar fora’ se você pensar de maneira universal”. Ainda segundo Edvânia, é necessário que seja interrompida a cultura do escoamento para o corpo d’água mais próximo, evitando as chamadas ‘avenidas sanitárias’ e ‘cloacas à céu aberto’.
Por fim, Jaime Cabral, também Professor Dr. da UFPE, trouxe soluções que já estão sendo prototipadas no campus da UFPE em Recife e Caruaru para o escoamento da água da chuva. O projeto de escoamento no Parque Esportivo e o teto verde feito com cactos nativos da caatinga pernambucana, são alguns dos exemplos de alternativas sustentáveis que estão sendo estudadas na universidade para a retenção da água das chuvas.