Parque Capibaribe

O projeto Parque Capibaribe é desenvolvido por meio de um convênio entre a Prefeitura da Cidade do Recife, através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Recife e o INCITI – Pesquisa e Inovação para as Cidades, rede de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O projeto prevê um sistema de parques integrados que irá articular espaços públicos existentes e implementar um conceito de mobilidade não-motorizada com passeios e ciclovias.

Um dos principais fundamentos do projeto é revolucionar a forma como as pessoas vivem a cidade: resgatando o rio Capibaribe como o eixo estruturante do Recife e direcionando movimentos em direção à bacia hidrográfica e as diversas paisagens, através de áreas de estar, passarelas e píeres para pequenas embarcações. O projeto propõe plantio de árvores e aumento do solo permeável visando preparar a cidade para enfrentar os efeitos de mudanças climáticas.

Ativação de moradores em prol do Parque Capibaribe

A proposta de tratar as margens do Capibaribe, principal curso de água da cidade do Recife, foi expandida após uma leitura mais atenta do território. Mostrou-se imperativa a necessidade de integrar os diversos riachos e canais de toda essa bacia hidrográfica, assim como as grandes massas verdes remanescentes da Mata Atlântica, o que resultou na expressiva ampliação da área de influência do Parque.

Mapa do Recife e área de influência do Parque Capibaribe em verde claro

O Parque, que se estenderá por 30 km, todo o percurso do Rio Capibaribe, irá articular espaços públicos existentes em uma área de influência de 42 bairros e promover transformações para que Recife se torne, em 2037 nos 500 anos da cidade, uma Cidade-Parque capaz de oferecer novas oportunidades e maior qualidade de vida a seus habitantes.

Apesar de maltratado, o rio Capibaribe está vivo Foto: Silvino Pinto

O rio é fonte de renda para muitos recifenses Foto: Alexandre Severo

Espécie capivara é ícone do projeto Parque Capibaribe
Foto: Divulgação

Com todos os olhares voltados para as potencialidades do rio Capibaribe e entorno, o projeto é o ponto de partida para que o Recife se torne uma Cidade-Parque em 2037, quando o município comemora 500 anos. O conceito Cidade-Parque considera espaços públicos de qualidade que promovam o encontro entre as pessoas, o meio ambiente, reafirmando culturas locais e gerando novas oportunidades de transformações sociais e econômicas.

Saiba mais sobre o rio Capibaribe, nosso objeto de pesquisa, neste link

PESQUISADORES

DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

Realizados pelos pesquisadores do INCITI/UFPE e parceiros

Ações emergentes (baixo pra cima) de prototipagem e soluções para os territórios

URBANISMO EMERGENTE

Intervenções urbanas são a marca do Parque Capibaribe Foto: Olívia Leite

A abordagem de Urbanismo Emergente proposto no desenvolvimento do Parque Capibaribe, parte de princípios inovadores de implantação de projetos urbanos. O processo implica na articulação de agentes, atores e interessados no desenvolvimento urbano da cidade, a partir de experimentos e prototipagens no espaço público.

Neste sentido, o Parque Capibaribe desenvolveu na etapa de concepção do projeto um amplo processo de discussão envolvendo diversas secretarias da prefeitura, concessionárias de serviços públicos, secretarias do Governo Estadual, empresas privadas e representantes de diversos segmentos populares.

Diálogo com todas as instâncias Foto: Olívia Leite

O monitoramento legitima o processo colaborativo dos projetos das áreas que abraçam o Rio Capibaribe, no qual os espaços abertos e verdes do Parque, definidos e conectados por ciclovias e passeios pedestres, serão acrescidos de significado e valor local.

Consulta pública com as crianças
Foto: Rodrigo Édipo

A semântica do lugar é construída juntamente com moradores e usuários do Parque, que negociam a natureza das atividades que acontecem ao longo do Parque, como o uso dos quiosques, a locação de equipamentos urbanos diversos (lazer, cultura, esportes, etc.) e a escolha dos mobiliários urbanos a serem implementados: playgrounds, brinquedos, elementos interativos, de arte urbana, entre outros.

VISÃO A LONGO PRAZO

Um projeto de cidade

TÁTICAS

Para a concepção de projetos para o Parque Capibaribe, tendo como horizonte articular as margens do rio com a cidade do Recife, foram estabelecidas quatro premissas projetuais básicas

Possiblita que vias de maior vitalidade urbana possam escoar até as margens da bacia.

A reconquista das margens com passeio e ciclovia capaz de articular diversos meios de transporte de forma integrada.

Promove oportunidades de encontros comunitários de lazer, convivência e contemplação da fauna e flora.

Novas travessias diminuem as distâncias entre as margens e a segregação sócio-espacial.

Envolver pessoas na ocupação e prototipagem soluções na beira do Capibaribe.

PRIMEIROS TRECHOS

Jardim do Baobá (Bairro das Graças – Recife/PE)

Uma árvore centenária Baobá é o principal atrativo do marco inicial do Parque Capibaribe, localizado no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. A área será um espaço de lazer e contemplação da paisagem, formada pela árvore que se debruça sobre a margem do rio. O baobá das Graças é tombado como Patrimônio do Recife desde 1988, tem 15 metros de altura, copa com dez metros de diâmetro e tronco de cinco metros de diâmetro. Este trecho está sendo financiado por projeto de mitigação do Real Hospital Português. As obras foram iniciadas em maio de 2016.

A câmera ‘lambe-lambe’ e o baobá.
Foto: Fillipe Vilar

Para dialogar com a grandiosidade da árvore e promover a interação entre as pessoas, três balanços duplos e uma mesa comunitária foram projetados para o local. Os balanços terão seis metros de altura, cada equipamento abrigará duas pessoas simultaneamente e poderá ser utilizado tanto por crianças quanto por adultos. A mesa terá 10 metros de comprimento para uso compartilhado, podendo comportar piqueniques e jogos de tabuleiro, por exemplo. O solo natural ao redor do baobá será preservado, reduzindo a área pavimentada no local. Terraços gramados acompanharão os diferentes níveis do solo existentes e possibilitam diversos usos. Um pequeno píer flutuante completa o projeto, possibilitando a atracação de pequenas embarcações.

Dois balanços fazem parte dos equipamentos no Jardim.
Foto: Rodrigo Édipo

O baobá das Graças é tombado como Patrimônio do Recife desde 1988, tem 15 metros de altura, copa com dez metros de diâmetro e tronco de cinco metros de diâmetro. A área no seu entorno recebeu uma pequena intervenção de prototipagem, com piso verde e bancos de madeira, já incentivando a contemplação da paisagem da enorme árvore que se debruça na margem do rio. Com 3.800 m², o trecho será um espaço de lazer, com balanços, mesa comunitária, bancos, terraços gramados, passeios e ciclovia. A área entrará em obras em breve, pois a ordem de serviço foi assinada pelo prefeito do Recife no dia 30 de março de 2016. Saiba mais sobre o projeto Jardim do Baobá.

Via Parque (Bairro das Graças – Recife/PE)

O Parque Capibaribe está prestes a ser implantado no bairro das Graças. Depois da abertura do Jardim do Baobá, ainda em fase de experimentação, serão iniciadas as obras da segunda fase do Parque, ao longo de 950 metros na margem esquerda do rio, entre as pontes da Torre e da Capunga. O lançamento do edital de licitação foi feito pela Prefeitura do Recife em dezembro de 2016 e publicado no site da gestão municipal nesta quarta-feira (25 de janeiro de 2017), no Diário Oficial do município.

Novas áreas de estar são propostas ao longo da margem.

A intervenção no bairro das Graças, promove áreas verdes livres, criando uma nova relação das pessoas com o rio e propiciando condições para hábitos de vida mais saudáveis e sustentáveis. O projeto prevê passeios onde pedestres e bicicletas compartilham o espaço e encurtam distâncias entre escolas e comércios do bairro. As vias para automóveis, de baixa velocidade, permitem o escoamento do fluxo interno do bairro para as ruas de distribuição do trânsito, favorecendo a co-presença de modais com segurança. Novas áreas de estar são propostas tanto para contemplação do público, como para recreação de crianças e adolescentes.

Capunga (Bairro do Derby/PE)

Programa de ativações realizado nos dias 25, 26 e 27 de maio (2016) que envolveu moradores, comerciantes e usuários do Bairro do Derby, no Recife (PE). O evento aconteceu próximo à Praça João Pereira Borges, contou com a participação de 30 estudantes, e teve como objetivo descobrir as necessidades, exigências, desejos, problemas ou dificuldades da área, que irá receber parte do projeto Parque Capibaribe.

Pausa para o descanso

Intervenções urbanas fizeram parte da metodologia da consulta pública, subgrupos foram divididos para desenvolverem propostas táticas que envolveram: lambe-lambe e stêncil com frases de protesto e de afeto, sinalizações no asfalto que levavam as pessoas para a beira do rio, trilha na margem do Capibaribe, café num quintal perto do mangue, mirante improvisado de cima do estacionamento da UNINASSAU.

Sinalização proposta

As intervenções ajudaram a desenhar uma proposta para área que possibilitasse um acréscimo de área verde e uma convivência harmônica, funcional e agradável entre pedestres, veículos, ciclistas e comerciantes. Saiba mais neste link.

DEBATES

Provocações Urbanas

Todos os ciclos de diálogos foram transmitidos ao vivo pela internet.

O ciclo de diálogos teve como principais objetivos aproximar a população das discussões contemporâneas sobre inovações para cidade em vários âmbitos e trazer novos conhecimentos para o Projeto do Parque Capibaribe.

No total, foram organizadas três Provocações Urbanas com os referidos temas:

  • Inovações para o Saneamento: Como o Parque Capibaribe pode contribuir para um rio mais limpo?
  • Inovações para a Mobilidade: um problema de todos nós
  • Gestão de espaços públicos: como podemos tomar conta da nossa cidade?

Evert Verhagen
Foto: Rodrigo Édipo

Os debates foram enriquecidos com a participação dos seguintes profissionais renomados:

  • Thierry Jacquet, fundador da Phytorestore, empresa francesa que desenvolve Jardins Filtrantes em todo o mundo;
  • Ricardo Barretto Vasconcelos, diretor de novos negócios da Compesa;
  • Clifford Ericson Júnior, engenheiro e professor do IFPE;
  • Marcos de Sousa, jornalista, editor e diretor do portal Mobilize Brasil;
  • Raul da Mota Silveira Neto, professor do Departamento de Economia da UFPE;
  • Evert Verhagen, fundador das empresas Creative Cities e Reuse;
  • Antônio Barbosa, presidente da Emlurb (Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana).

As três provocações urbanas acolheram mais de 200 pessoas, e aconteceram em espaços e meses diferentes. A primeira, em setembro, no Museu Cais do Sertão; a segunda em outubro, no The Hub Recife; e a terceira sendo realizadas no auditório do Banco de Brasil, em novembro.